Quando a música encontra uma Voz

Posted by Ricardo Cazarino | Posted on domingo, março 22, 2009

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Fim de sábado e a noite começa a dar início a seu ciclo. A típica garoa que cai sobre os ombros não deixa mentir sobre onde estamos. Nada mais adequado para aquecer esse cenário e unir pensamentos perdidos do que uma boa música. As pétalas coloridas espalhas pelo chão dão mais graça ao palco arena do Centro Cultural São Paulo e se transformam em um tapete para receber a banda Vega. O público marca presença é se torna uma atração à parte.

A banda com oito anos de formação se mostra mais entrosada do que nunca. Das primeiras apresentações à esse show, a evolução e percepção musical são nítidos. Olhares e gestos se somam e complementam. Profissionalismo é uma das características desse grupo que ganha novos admiradores

No centro da arena as luzes apontam para Claudia Gomes. No comando do Vega ela transborda qualidade vocal e simpatia. Claudia sabe a que veio e deixa seu recado. Na gaita e nos gestos ela convence e não faz feio. Capta das letras suas essências e presenteia o público com um sentimento único. Ela vive cada música. Sorri…e não segura algumas lágrimas teimosas que dão mais brilho aos olhos. “…..Por mais que eu queira aceitar Por mais que eu queira me iludir Não há nada, nada, nada, nada Que me faça reagir a sua falta Essa falta….”(Essa Falta)

Mesclando composições do primeiro trabalho “Flores no Deserto” e do último álbum, “Novos Tempos”, além de releituras de Rita Lee (Agora só Falta Você) e Chico Buarque (Construção), Vega chega em 2009 pronto para alcançar voos mais altos. “…Vejo flores no deserto Homens buscando o certo Labirintos, fontes do pecado Mapas que me levam ao passado...” (Flores noDeserto)
*foto: Henrique Éder



Mistérios de Clarice

Posted by Ricardo Cazarino | Posted on sábado, março 07, 2009

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Em meio a tortura de pensamentos que vagam segundo a segundo em nossas cabeças, infinitas frases passam despercebidas. Por inúmeras razões elas se perdem. Jogadas ao vento não são aproveitadas. Uma em especial, um poema declamado de forma repentina e sem compromisso, ficou marcado. Permita-se a Clarice Lispector:

“Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre.” ( CL)

Clarice vive no olhar mais denso das palavras. Se permite ir as profudenzas e ultrapassa fronteiras com a sutileza de suas escrituras. Na arte, percorre com sabedoria e ousadia as crônicas, poemas, obras literárias, romances, contos…. Com alma de jornalista, Clarice entra e marca a história da literatura nacional. Seus mistérios escondem sabedoria. Mediar sentimentos é uma das funções das poesias. Há quem diga que não há nada melhor do que ler/escutar uma poesia em algum momento de dificuldade.

"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." ( CL)