Personagem Urbano
Posted by Ricardo Cazarino | Posted on domingo, fevereiro 24, 2008
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Por Ricardo Cazarino
A noite já se fazia presente e uma fina chuva encharcava os pensamentos. Na rua, o movimento sempre constante. Dentro do ônibus poucas pessoas aguardavam a chegada ao destino. Uns dormiam em meio ao balanço provocado pelas ruas mal conservadas. Outros tinham em mãos revistas e jornais. Os jovens com seus fones de ouvidos não viam o tempo passar. Naquela noite a rotina foi quebrada. Na parada seguinte, juntos com dois passageiros um homem de meia idade com roupas folgadas, um violão na mão e uma gaita presa no descansar do pescoço se acomoda em pé na última janela. Aos poucos as mãos dedilham o instrumento e uma voz rouca no fundo da garganta espalha sem pedir licença o som do blues americano.
Pelas próximas quatro paradas e com um inglês um tanto quanto atrapalhado, a música invade o ônibus e aos poucos chama a atenção dos passageiros. Duas senhoras sentadas à frente interrompem a conversa e já esticam os pescoços. A jovem retira um dos fones do ouvido e torce a cabeça. A criança sempre curiosa já se atiça para chegar perto. O motorista olha desconfiado pelo retrovisor e continua seu trajeto.
Novos passageiros sobem, poucos descem. A música pára. A rouca voz se manifesta em meio aos olhares curiosos: “Boa noite a todos!! Sou um desempregado que tento ganhar a vida de uma forma honesta. Quem puder me ajudar...contribuir com qualquer coisa.. agradeço!" A viagem segue. A gaita e violão brigam com o gemer do velho ônibus.
Poucos se atrevem a dar algum trocado. As moedas escondidas nos bolsos são as mais utilizadas. “Obrigado moça!”...Anda pelo corredor em meio as cadeiras e passa o chapéu. “Hoje não tenho nada”, diz uma senhora com receio do que vê. “Obrigado a todos e boa viagem”. Antes de dar o sinal, senta ao lado de uma bela jovem e puxa assunto: “que chuva hoje heim......bom chegou meu ponto.” Estende a mão com fervor e a moça retribui. O aperto de mão deixa a timidez de lado e o cantor anônimo a toca nas mãos delicadas e deixa um beijo como lembrança. "Ae chefe, pode abrir pra mim?"
Pelas próximas quatro paradas e com um inglês um tanto quanto atrapalhado, a música invade o ônibus e aos poucos chama a atenção dos passageiros. Duas senhoras sentadas à frente interrompem a conversa e já esticam os pescoços. A jovem retira um dos fones do ouvido e torce a cabeça. A criança sempre curiosa já se atiça para chegar perto. O motorista olha desconfiado pelo retrovisor e continua seu trajeto.
Novos passageiros sobem, poucos descem. A música pára. A rouca voz se manifesta em meio aos olhares curiosos: “Boa noite a todos!! Sou um desempregado que tento ganhar a vida de uma forma honesta. Quem puder me ajudar...contribuir com qualquer coisa.. agradeço!" A viagem segue. A gaita e violão brigam com o gemer do velho ônibus.
Poucos se atrevem a dar algum trocado. As moedas escondidas nos bolsos são as mais utilizadas. “Obrigado moça!”...Anda pelo corredor em meio as cadeiras e passa o chapéu. “Hoje não tenho nada”, diz uma senhora com receio do que vê. “Obrigado a todos e boa viagem”. Antes de dar o sinal, senta ao lado de uma bela jovem e puxa assunto: “que chuva hoje heim......bom chegou meu ponto.” Estende a mão com fervor e a moça retribui. O aperto de mão deixa a timidez de lado e o cantor anônimo a toca nas mãos delicadas e deixa um beijo como lembrança. "Ae chefe, pode abrir pra mim?"