Harmonia que se escoa para a vida

Posted by Ricardo Cazarino | Posted on domingo, dezembro 23, 2007

PARTE II

Segundo Moacir, mestre do templo Zulai, que tem por função transmitir a história de Buda, chamados de Dharma, “a adaptação do budismo no Brasil é natural, e tudo que surgiu da filosofia e na religião budista no país foi pelo amadurecimento de todas as causas e condições ambientes, ou seja, o jeito de ser, de encarar a vida, a alegria e a amabilidade do povo.A raça humana tem um sentido comum, pelo fato de estarmos no reino humano, nós temos raiva, ganância, ignorância e os mesmos venenos da mente”, afirma Moacir.

O budismo ensina o ser humano a se livrar exatamente dessas características negativas inerentes a ele. Quando o homem ultrapassa uma das principais cegueiras existentes em nossas vidas, a ignorância, ele consegue alcançar o ápice da sabedoria, algo possível para todos nós, que temos na essência essa virtude. “Nós somos budas adormecidos, encobertos pela nossa ignorância”, ressalta Moacir.

Hoje é crescente o número de pessoas que se tornam dependentes de remédios para depressão, insônia, dores e mal-estar em geral. Tudo isso gera um sofrimento interior, onde muitas vezes as causas está longe se serem encontradas em diagnósticos. Na verdade, esse sofrimento é gerado pela própria pessoa, onde ela mesma não quer enxergar a pura verdade que a cerca. E assim, cria situações ilusórias que aumentam ainda mais o seu apego e a sua insatisfação com a vida, nomeado de a ignorância.

Dessa forma, as mudanças no comportamento, tanto interior quanto exterior, dependem exclusivamente da pessoa que as sente, devendo buscar na prática da vida diária, pensamentos, ações e reflexões adequadas. Utilizando-se desses conceitos, a pessoa sentirá que tudo em sua volta ficará diferente, onde os pequenos problemas que existiam até então, serão substituídos por simples soluções.

Trabalhando as Energias

Para os budistas alcançar uma reflexão interior ocorre quando há uma prática freqüente da meditação. “A meditação é uma prática silenciosa de alta observação interior a partir da observação da sua inspiração e expiração. Primeiro se passa por um processo de tranquilização da mente, em que o fluxo mental dos pensamentos começa a brandar”, explica Moacir.

Dessa forma, a prática da meditação permite que se atinja uma qualidade de vida em todos os sentidos, principalmente na saúde mental, capaz de auxiliar o individuo a enxergar algumas situações que não são possíveis de serem visualizadas de maneira racional. É como mergulhar em um lago profundo e poluído. Essa sujeira caracteriza as impurezas existentes na mente. Para que se consiga ver o lago cristalino, é necessário limpá-lo de forma profunda e eficaz. Na verdade, isso só irá acontecer realmente quando houver um esforço interior e uma consciência capaz de ultrapassar qualquer barreira, preservando o conhecimento.

Será que hoje é possível viver dessa forma? Ou essa realidade é utópica? De acordo com Moacir, todas as pessoas deveriam experimentar a meditação, que pode ser praticada em qualquer situação, inclusive para as pessoas que residem nas grandes cidades. Após o início das sessões, é possível notar uma qualidade melhor no sono, na capacidade de memorização, na diminuição da ansiedade, gastrites e todos os males da vida moderna.

Ao alcançar este patamar de sabedoria, a pessoa sente-se capaz de transmitir tudo aquilo que conseguiu evoluir para as pessoas ao seu redor. Esse ciclo de paz, conhecimento e sabedoria é o grande desafio dos budistas. “Você não precisa se retirar do mundo para alcançar uma vida melhor, você pode ser feliz nessa vida”, ressalta Moacir.

“O principal valor na vida é a dignidade. A principal felicidade na vida é a alegria espiritual. A principal esperança na vida é a paz. A principal devoção na vida é beneficiar os seres”. (Templo Zulai)

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